Com Outros Olhos
Thati Machado
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Sinopse: "A vida perfeita de aparências da jovem Lana se desfaz como pó depois de
um trágico acidente com seu então namorado Lucas. Destinada a
ultrapassar todos os obstáculos que a vida lhe impõe, Lana ingressa na
Companhia Raoul de Teatro - com a ajuda de seu irmão - sem que saibam
das suas limitações. Seus companheiros de trabalho parecem não facilitar
a vida da moça, principalmente Arthur, que interpreta seu par romântico
na peça. Ironia do destino ou não, Lana vai descobrir que uma vida sem
luz ainda pode lhe oferecer tudo que uma garota sempre sonhou. E que as
aparências... Sempre enganam."
Resenha:
“Voici mon secret. C’est três simple: on ne voit bien qu’avec le coeur. L’essentiel est invisible pour les
yeux.” (“Eis meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O
essencial é invisível aos olhos.”
(Antoine Saint-Exupéry, Le Petit
Prince)
Lana sofreu um acidente de carro cujas consequências,
pelo menos para ela, foram terríveis: ela ficou cega. Sua vida mudou. Precisou se
adaptar a tudo e todos, mas o sonho de ser atriz continuou e ela foi aprovada
para a companhia de teatro Raoul, uma das melhores. Apenas um detalhe: as
pessoas que com ela deveriam contracenar não sabiam que ela era cega. Lana fora aprovada nos testes por seu talento
e, com ajuda de seu irmão Leo, buscava se tornar cada vez mais independente, na
medida do possível.
As coisas começam a ficar estranhas quando
Lana é escolhida para ser a protagonista da peça Romeu e Julieta. Arthur, um
rapaz decidido, que lutara muito para conseguir o papel e Romeu (e foi
escolhido), se opunha à escolha do diretor, Julie, um diretor rude e duro, mas
que gostava de inovar e reconhecia um talento quando via um, tendo escolhido
Lana pelo talento, sem saber que ela era cega (o que não fez, então, a menor
diferença quando ele soube).
A animosidade com que Arthur tratava Lana
tinha um motivo: aos onze anos ele se declarara a ela com uma mensagem no
correio do amor no dia dos namorados e sua declaração havia sido recebida com
risos e ela virara a piada na escola. Agora, depois de tanto tempo, ela nem o
reconhecia!
Eles começaram a ensaiar e tudo era terrível,
pois a empatia necessária para a interpretação dos amantes de Veneza não se
fazia presente.
Um dia, Arthur vai ensaiar na casa de Lana ,
depois de mil tentativas e discussões, os dois, “por acidente” trocam um beijo.
Mesmo assim, ele deixa a casa e, na tentativa de fazê-lo voltar, Lana cai e ele
não a ajuda a se levantar por pensar que ela não deseja isso. Mas há um
confronto entre ele e Leo e a verdade é revelada: Ela é cega.
A partir daí as coisas mudam. Não porque
Arthur sente pena de Lana, mas porque ele entende finalmente o porquê dela
nunca o olhar, não tê-lo reconhecido.
Aos poucos eles vão se acertando em cena e na
vida. E também, aos poucos, Lana vai se apaixonando, até que eles começam um
relacionamento baseado em confiança e amor.
No entanto, há outras revelações que Lana, em
sua cegueira, deve encarar e Lucas, seu ex namorado, um dos responsáveis pelo
acidente que causou a cegueira da garota e que a deixou de lado, volta para
perturbar a existência do casal. Mas isso é para ser lido... Não conto mesmo!
O que esse livro me trouxe foi a consciência
de que os olhos são enganadores. Muitas vezes nos deixamos levar pela aparência
esquecendo o conteúdo. Lana, pelo que entendi, era uma menina frívola, que se
ligava em beleza física e outras futilidades até que a vida lhe estapeou de
forma violenta e ela se viu dependente e, por fim, percebeu que somos frágeis,
findáveis e precisamos uns dos outros. Lana aprendeu a realmente amar e dar
valor a tudo o que antes considerava “abaixo de si”. Lana aprendeu e ver “com outros olhos”, os
olhos do coração.
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