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quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

O Presente do Meu Grande Amor
Organização de Stephanie Perkins
Reunindo contos de:
Holly Black, Ally Carter, Matt de la Peña, Gayle Forman, Janny Han,
David Levithan, Kelly Link, Myra McEntire, Stephanie Perkins, Rainbow Rowell, Laini Taylor e Kiersten White.
Editora Intrínseca


Se você gosta do clima de fim de ano e tudo o que ele envolve — presentes, árvores enfeitadas, luzes pisca-pisca, beijo à meia-noite —, vai se apaixonar por "O Presente do Meu Grande Amor."
Nestas doze histórias escritas por alguns dos mais populares autores da atualidade, há um pouco de tudo, não importa se você comemore o Natal, o ano-novo, o Chanucá ou o solstício de inverno.
Casais se formam, famílias se reencontram, seres mágicos surgem e desejos impossíveis se realizam. O pessimismo não tem lugar neste livro - afinal, o Natal é época de esperança.

domingo, 14 de dezembro de 2014

Vamos nos Encontrar no Tsu?

Hoje a minha postagem vem em forma de um convite. É um novo site de ralacionamentos que paga pelas suas postagens. Ele é Tsu. Na verdade, achei bem divertido!
Vamos nos encontrar por lá? Olha o link aqui embaixo:
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segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Um Passo em Falso
Uma história de Myron Bolitar


Harlan Coben
Editora Arqueiro


Sinópse 1:

"Ainda jovem, Myron Bolitar contou com a ajuda do treinador Horace Slaughter para começar a jogar basquete. O relacionamento dos dois era comoo de pái e filho, mas como tempo eles perderam o contato e Myron abandonou o esporte.
Harlan Coben

Dez anos depois de ver Hrace pela última vez, Myronconhece Brenda, filha do antigo amigoe umabela estrela do basquete. Trabalhando como agentede atletas, elepoderá fechar um contrato valioso com a jogadora se descobrir o paradeiro de Horace, que sumiu repentinamente após agredí-la. Desde então, Brenda começou a receber ameaças por telefore e a ser seguida. Myron não acredita na culpa do amigo e resiste a ser guarda-costas da moça,mas acaba cedendo.
Determinada a não fazer o papael de donzela indefesa, Brenda provoca uma atração irresistível em Myron, que vive um relacioanemento amororso debilitado. Porém, existe entre eles um abismo de corrupção e mentiras, além de segredos pelos quais muitos arriscariam a vida.
Mesmo contra o bom senso, Myron segue investigando o caso. Disposto a conquistar o coração de Brenda, ele está ciente de que um passo em falso pode acabar mudando os dois."

Sinópse 2:


"Aos 5 anos, Brenda Slaughter foia abandonada pela mãe, Anita, que levou todo o dinheiro do marido e nunca mais deu notícias. Após vinte anos, a jovem é uma jogadora de basquete promissora, mas ainda não se recuperou do trauma.
 Perto de disputar a partida mais importante de sua carreira, Brenda sofre outro baque na vida familiar quando sei pai, Horace, desaparece. Apesar de não ter um bom relacionamento com ele, a jogadora quer saber o que lhe aconteceu e contrata Myron Bolitar.
Durante a investigação, o detetive depara com um anitigo caso testemunhado por Anita: a morte da esposa de Arthur Breadford, atual candidato a governador. Na mesma época, a mãe de Brenda sumiu, deixando o emprego na mansão do político após seis anos de serviço.
Enquanto busca atar os fios dessa complexa trama, o detetive confronta mafiosos e policiais corruptos, pondo-se cada vez mais em perigo. Para desvendar esse passado turbulento, Myron precisará da ajuda deseu fiel amigo Win e de muita sorte para permanecer vivo
."


Estive com este livro nas mãos no sábado, na Saraiva Mega Store do Plaza Shopping em Niterói. Como sou extremamente curiosa, sentei e li 6 capítulos e, como sempre, Harlan Coben não me desapontou. A trama, muito bem elaborada, me deixou curiosa, muito curiosa. Comprarei o livro, assim que o tempo me permitir ler, uma vez que em final de semestre minha atenção está voltada para o trabalho, fechamento de boletins etc. Vale a pena ler as obras desse autor. Eu aconselho!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

O Bicho-da-Seda
Uma história do detetive Cormoran Strike

Robert Galbraith
Editora Rocco

 Quando o romancista Owen Quine desaparece, sua esposa apela ao detetive particular Cormoran Strike. No início, ela pensa apenas que o marido se afastou por alguns dias - porque ele já fez isso antes - e quer que Strike o encontre e o traga para casa.
 Mas, à medida que Strike investiga, fica claro que há mais no desaparecimento do Quine do que percebe a mulher. O romancista acabara de concluir um manuscrito retratando de forma venenosa quase todos que conhece. Se o romance for publicado, destruirá a vida de muitos. Muita gente, portanto, pode querer silenciá-lo.
 Quando Quine é encontrado brutalmente assassinado em circunstâncias bizarras, começa uma corrida contra o tempo para entender a motivação de um assassino impiedoso, um assassino diferente de qualquer outro que Strike já viu.

 Romance policial que se lê compulsivamente, com guinadas a cada virada de página, O bicho-da-seda é o segundo de Robert Galbraith numa série muito aclamada apresentando Cormoran Strike e sua decidida assistente Robin Ellacott.
J.K. Rowling escreve sob o pseudônimo de Robert Galbraith


E ela fez de novo! A maravilhosa autora de Harry Potter, J.K. Rowling continua seu incrível trabalho, começado em O Chamado do Cuco, escrevendo, com o pseudônimo de Robert Galbraith, as aventuras de um detetive diferente, engraçado e ácido, Cormoran Strike. Eu simplesmente amei o primeiro livro! Espero que este segundo seja tão intrigante e incentivador quando O Chamado do Cuco. Só lamento que a editora Rocco tenha adquirido os direitos, como sempre, pois prevejo altos preços. A tradução, em minha modesta opinião, deixou muito a desejar; veremos neste como será, pois sempre considerei a tradutora como excelente e me surpreendeu muito que em O Chamado do Cuco encontrasse trechos que eu não conseguia entender, parecendo que faltava algo. Acredito, no entanto, que desta vez estará perfeito. Logo saberei.
 De qualquer forma, vale a pena ler tudo o que J.K. escreve, mesmo sob o nome de outra pessoa. Ela é simplesmente The Best!

sábado, 22 de novembro de 2014

Biografia

A.G. Howard
A. G. Howard

 Anita Grace Howard mora em Amarillho, no Texas, EUA. Casada, mãe de sois adolescentes (e por tabela, também de dois labradores retrievers), sempre foi fã de Lewis Carroll, autor de Alice no País das Maravilhas. Ela escreveu O Lado mais Sombrio enquanto trabalhava em uma biblioteca escolar. A autora espera que o seu intrigante e psicodélico tributo a Lewis Carroll inspire os leitores a se interessarem pelas histórias que ela aprendeu a amar na infância.

Obras:




Atrás do Espelho
 A. G. Howard
Editora Novo Conceito


Em O Lado Mais Sombrio , a releitura dark de Alice no País das Maravilhas , Alyssa Gardner foi coroada Rainha, mas acabou preferindo deixar seus afazeres reais para trás e viver no mundo dos humanos. Durante um ano ela tentou voltar a ser a Alyssa de antes, com seu namorado, Jeb, sua mãe, que voltou para casa, seus amigos, o baile de formatura e a promessa de ter um futuro em Londres.

No entanto, Morfeu, o intraterreno sedutor e manipulador que povoa os sonhos de Alyssa, não permitirá que ela despreze o seu legado. O mesmo vale para o País das Maravilhas, que parece não ter superado o abandono.

Alyssa se vê dividida entre dois mundos: Jeb e sua vida como humana... e a loucura inebriante do mundo de Morfeu. Quando o reino delirante começa a invadir sua vida real , Alyssa precisa encontrar uma forma de manter o equilíbrio entre as duas dimensões ou perder tudo aquilo que mais ama. 


  
  Aqui está um pequeno trecho que foi disponibilizado pela Novo Conceito para download. Vale a pena ir ao site da Editora e ver mais:


"Atrás do Espelho

A. G. Howard

Tradução:
Denise Tavares Gonçalves

1

Sangue e Vidro
Meu professor de arte diz que o verdadeiro artista dá
o sangue por sua obra, mas ele nunca nos disse que o
sangue pode tornar-se o seu veículo de comunicação,
pode assumir vida própria e formatar sua arte de maneiras
repugnantes e medonhas.
Jogo o cabelo por sobre o ombro, faço um furo no
meu dedo indicador com o alfi nete de segurança esterilizado
que tenho no bolso, posiciono a última pedra
de vidro em meu mosaico e aguardo.
À medida que pressiono a conta translúcida contra
o gesso branco, tremo com a sensação de estar
sendo absorvida. É como uma sanguessuga na ponta
do meu dedo onde eu toco o vidro, atraindo meu
sangue para o lado de baixo da pedra, formando
uma poça de um vermelho aveludado. Mas não
para por aí.
O sangue dança... move-se de pedra para pedra,
colorindo o fundo de cada uma delas com um fi o
carmim — formando uma imagem. O ar se retém em
meus pulmões e eu aguardo as linhas se conectarem...
imaginando qual será o resultado final desta vez. Esperando que
não seja ela mais uma vez.
Soa o último sinal do dia, e eu corro para cobrir o mosaico com
um pano, morrendo de medo de que alguém possa ver a transformação
acontecendo.
É mais um lembrete de que o conto de fadas do País das
Maravilhas é real, de que o fato de ser descendente de Alice
Liddell significa que sou diferente de todo mundo. Não importa
a distância que eu tente colocar entre nós, estou para sempre
ligada a uma estranha e horripilante espécie de criaturas mágicas
chamadas intraterrenos.
Os meus companheiros de classe recolhem suas mochilas e
livros e deixam a sala de artes, cumprimentando-se, batendo as
mãos espalmadas umas nas outras enquanto conversam sobre os
planos para o fim de semana. Eu chupo meu dedo, embora não
haja mais sangue saindo dele. Com os quadris apoiados na mesa,
olho para fora. Está nublado e a névoa forma partículas de água
nas janelas.
Um pneu do Gizmo, meu Gremlin 75, furou hoje de manhã.
Como mamãe não dirige, papai me trouxe quando saiu para o
trabalho. Eu disse a ele que conseguiria uma carona na volta
para casa.
O meu celular vibra dentro da mochila, no chão. Afasto as minhas
luvas de arrastão dobradas sobre ele, pego o telefone e abro
a mensagem do meu namorado: Menina do skate... te espero no
estacionamento. Morrendo de saudade de vc. Manda um abraço
p o Mason.
Sinto um aperto na garganta. Jeb e eu estamos juntos há quase
um ano e fomos grandes amigos por seis anos antes disso, mas
desde o mês passado só temos nos comunicado por mensagens de
texto e telefonemas rápidos. Estou ansiosa para revê-lo, mas também
estranhamente nervosa. Estou receosa de que as coisas fiquem
diferentes agora que ele está vivendo uma vida da qual eu ainda
não faço parte.


Olhando para o Sr. Mason, que conversa com alguns alunos no
corredor sobre o material de arte, digito a minha resposta: Tá. Louca
p ver vc. 5 minutos... terminando uma coisinha.
Largo o telefone na mochila e levanto o pano para dar uma olhada
no meu projeto. Meu coração dá um pulo. Nem a familiaridade
com o cheiro de tinta, com a poeira de giz e com o gesso consegue
me confortar quando vejo a cena que toma forma: uma Rainha Vermelha
em fúria assassina em meio a um desolado e em ruínas País
das Maravilhas.
Assim como nos sonhos que venho tendo ultimamente...
Recoloco o pano no lugar, não querendo reconhecer o que aquela
imagem pode significar. É mais fácil esconder-me dela.
— Alyssa. — O Sr. Mason aproxima-se da mesa. Seus tênis
Converse tie-dye se destacam, como arco-íris derretidos contra o
linóleo branco do piso. — Eu queria perguntar... você está pensando
em aceitar a bolsa da Faculdade de Middleton?
Assenti com a cabeça, apesar do meu ataque de nervos por dentro.
Se o papai me deixar ir morar em Londres com o Jeb.
— Que bom. — O sorriso largo do Sr. Mason revela a lacuna entre
os seus dentes da frente. — Alguém com o seu talento deveria
aproveitar toda e qualquer oportunidade. Agora vamos dar uma
olhada em sua última obra.
Antes que eu pudesse detê-lo, ele puxa o pano e aperta os olhos,
com as bolsas debaixo deles ampliadas por seus óculos cor-de-rosa.
Solto um suspiro, aliviada ao ver que a transformação se completou. —
Cores e movimento extasiantes, como sempre. — Ele se inclina sobre
o quadro, esfregando o cavanhaque. — Perturbador, como os outros.
Essa observação final deixa meu estômago em polvorosa.
Um ano atrás, quando usei corpos de insetos e flores secas nos
mosaicos, as minhas obras adquiriram um ar de otimismo e beleza,
apesar da morbidez dos materiais. Agora que mudei de formato,
tudo o que eu crio é obscuro e violento. Não consigo mais captar
a leveza ou a esperança. Na verdade, parei de lutar contra isso. Eu
simplesmente deixo o sangue encontrar seu caminho.

Eu queria poder parar de fazer mosaicos de uma vez por todas.
Mas é uma compulsão que não consigo sufocar... e algo me diz
que há uma razão para isso. Uma razão que me impede de destruir
todos eles — que me impede de estilhaçar as bases de gesso em
mil pedaços.
— Preciso comprar mais pedras vermelhas? — pergunta o Sr.
Mason. — Nem me lembro onde comprei estas. Dei uma olhada na
internet outro dia e não encontrei o fornecedor.
Ele não sabe que as pastilhas do mosaico eram claras quando eu
comecei a fazê-lo, que eu só tenho usado pedras claras nas últimas
semanas, e que as cenas que ele acha que estou meticulosamente
engendrando ao combinar linhas coloridas no vidro estão, na verdade,
se formando sozinhas.
— Não tem problema — eu respondo. — São do meu estoque
pessoal. — Literalmente.
O Sr. Mason me analisa por um minuto. — Tudo bem. Mas estou
ficando sem espaço na minha sala. Talvez você pudesse levar
este aqui para casa.
Tremo só de pensar nisso. Levar um deles para a minha casa
seria um convite para mais pesadelos. Sem falar em como isso afetaria
mamãe. Ela já passou boa parte da vida aprisionada por suas
fobias do País das Maravilhas.
Preciso pensar em alguma coisa antes que as aulas acabem. O
Sr. Mason não vai querer guardá-los durante todo o verão, principalmente
porque estou no último ano. Mas hoje eu tenho outras
coisas com que me preocupar.
— Será que pode acomodar só mais um? — eu pergunto. — O
Jeb vem me pegar de moto. Eu levo todos na semana que vem.
O Sr. Mason aquiesce e o carrega para a sua mesa.
Agacho-me para arrumar as coisas na mochila, limpando o suor
das mãos em meu legging listrado. A bainha que roça os meus
joelhos parece não me pertencer. A minha saia é mais comprida
do que as que costumo usar, sem a anágua por baixo para afofá-
-la. Nesses meses desde que a mamãe voltou para casa vinda

 do sanatório, tivemos muitas discussões sobre as minhas roupas
 e a minha maquiagem. Ela afirma que as minhas saias são curtas demais
e queria que eu usasse jeans e “me vestisse como as meninas
normais”. Ela acha que minha aparência é muito selvagem. Eu lhe
disse que é por isso que eu uso collants e leggings, para ficar mais
comum. Mas ela nunca dá ouvidos. É como se estivesse tentando
compensar os onze anos que esteve afastada através de uma preocupação
excessiva com tudo o que me diz respeito.
Hoje de manhã ela venceu, mas só porque eu levantei tarde e
estava com pressa. Não é fácil acordar e ir para a escola depois de
tentar não dormir a noite inteira para evitar sonhar.
Pego a mochila do chão, coloco-a no ombro e despeço-me do
Sr. Mason com um movimento de cabeça. Minhas plataformas
Mary Jane estalam sobre o deserto piso frio do corredor. Planilhas
e folhas de cadernos extraviadas encontram-se espalhadas
feito um caminho de pedras num lago. Vários armários estão
abertos, como se os estudantes não pudessem perder aquele segundo
extra que levaria para fechá-los antes de sair para o fim
de semana.
Centenas de diferentes colônias, perfumes e odores corporais
ainda persistem ali, mesclados a um resquício do cheiro de fermento
dos pãezinhos do almoço servidos na cantina da escola.
Smells like teen spirit. Balanço a cabeça, sorrindo.
Por falar em espírito, o conselho dos alunos da escola Pleasance
tem trabalhado sem parar para colar lembretes sobre o baile de
formatura em cada canto da escola. Este ano, o baile acontecerá
na sexta-feira, véspera da nossa cerimônia de formatura — daqui
a uma semana.
todos os príncipes e princesas estão cordialmente convidados
para o baile de máscaras de conto de fadas dos formandos da escola
pleasance, no dia 25 de maio. não serão admitidos sapos.
Dou um sorriso maroto para a última frase. A minha melhor
amiga, Jenara, a escreveu com marcador verde em letras grossas
no fim de cada comunicado. Ela levou toda a última aula de
terça-feira para fazer aquilo, o que acabou lhe custando três dias
de suspensão. Mas valeu totalmente a pena só para ver a cara
de Taelor Tremont. Taelor é a ex do meu namorado, a melhor
jogadora de tênis da escola e a diretora social do conselho dos
alunos. Foi ela também quem delatou o segredo da família Liddell
na quinta série. O nosso relacionamento está abalado, para
dizer o mínimo.
Passo a mão sobre um dos cartazes, que descolou de um lado
e acabou se enrolando feito uma língua saindo da parede. Ele me
lembra a minha experiência com as línguas serpenteantes do bandersnatch
no verão passado. Eu me encolho e pego entre os dedos
a mecha de vermelho-vivo em meu cabelo loiro. É uma das minhas
lembranças permanentes, assim como os nódulos atrás dos ombros,
onde se aninham asas adormecidas dentro de mim. Por mais
que eu tente me distanciar das lembranças do País das Maravilhas,
elas estão sempre presentes, recusam-se a partir.
Assim como um certo alguém se recusa a partir.
Dá um nó na minha garganta pensar em asas negras, olhos tatuados
e insondáveis e sotaque britânico. Ele já possui as minhas
noites. Não permitirei que tome os meus dias também.
Empurrando as portas, saio para o estacionamento e sou atingida
por uma lufada de vento gelado e úmido. Uma névoa fina cobre
o meu rosto. Ainda há alguns carros lá, e os alunos se reúnem
em grupos pequenos para conversar — alguns encolhidos em seus
capuzes e outros aparentemente alheios ao tempo frio e incomum
para a estação. Tivemos muita chuva este mês. Os meteorologistas
calcularam o acúmulo entre 100 e 150 milímetros, quebrando o
recorde de um século nas primaveras em Pleasance, no Texas.
Os meus ouvidos automaticamente se ligam nos insetos e plantas
sobre o encharcado campo de futebol alguns metros adiante.
Os seus sussurros sempre se confundem, misturando estalos e
zumbidos, tal como estática no rádio. Mas, se eu me esforço, consigo
distinguir as mensagens que são apenas para mim:
Olá, Alyssa.
Lindo dia para um passeio na chuva...
A brisa está perfeita para voar.
Houve um tempo em que eu odiava tanto escutar essas saudações
confusas e ruidosas que eu as apanhava e sufocava. Agora,
esse ruído é confortador. Os insetos e as flores tornaram-se meus
parceiros... encantadores lembretes de uma parte secreta de mim.
Uma parte de mim da qual nem mesmo o meu namorado desconfia.
Eu o vejo do outro lado do estacionamento. Ele está encostado
em sua turbinada Honda CT70 vintage, papeando com Corbin, o
novo capitão e principal novo paquera de Jenara. A irmã de Jeb e
Corbin fazem um par esquisito. Jenara tem cabelo rosa-choque e
se veste feito uma princesa que se tornou uma roqueira punk —
a antítese da típica namorada de um atleta do Texas. Mas a mãe
de Corbin é uma designer de interiores conhecida por seu estilo
excêntrico, então ele está acostumado com personalidades artísticas
originais. No começo do ano os dois foram companheiros nas
aulas de biologia no laboratório. Eles se curtiram, e agora não se
desgrudam.
Jeb olha na minha direção. Ele se endireita quando me vê, e a
sua linguagem corporal fala tão alto como um grito. Mesmo a esta
distância o calor de seus olhos verde-musgo me aquece a pele sob
a blusa de renda e o colete xadrez.
Ele acena, despedindo-se de Corbin, que afasta dos olhos uma
mecha avermelhada de seus cabelos loiros e acena em minha direção,
indo juntar-se a um grupo de jogadores e líderes de torcida.
Jeb tira a jaqueta enquanto caminha para mim, revelando braços
musculosos. As suas botas de combate batem forte no asfalto brilhante,
e a sua pele cor de oliva cintila na névoa. Ele está usando
uma camiseta azul-marinho com seu jeans surrado. Uma foto do
My Chemical Romance está pintada em branco com um corte vermelho
formando uma faixa diagonal sobre o rosto deles. Isso me
lembra meu trabalho com sangue, e eu estremeço.

— Está com frio? — ele pergunta, envolvendo-me com a sua jaqueta,
o couro ainda com o calor de seu corpo. Por aquele instante
fugaz quase consigo sentir o sabor de sua colônia: uma mistura de
chocolate e almíscar.
— Só estou contente porque você voltou — respondo, colocando
as mãos sobre o seu peito, saboreando sua força e solidez.
— Eu também. — Ele olha para mim, me acariciando com o olhar,
mas contendo-se. Cortou o cabelo enquanto esteve fora. O vento faz
os cachos escuros na altura dos ombros esvoaçarem. Ainda está longo
o bastante para cair e ondular, e está desgrenhado por causa do
capacete. Está maltratado e selvagem, do jeito que eu gosto.
Quero pular em seus braços para dar um abraço, ou, melhor
ainda, beijar seus lábios macios. A ânsia de recuperar o tempo
perdido vai me envolvendo até que eu me sinto um pião pronto
para girar, mas minha timidez acaba vencendo. Olho por sobre seu
ombro e vejo quatro garotas mais jovens reunidas em torno de um
PT Cruiser que observam cada movimento nosso. Eu as reconheço
da aula de artes.
Jeb percebe para onde estou olhando e levanta minha mão, beijando
cada um dos dedos, roçando o seu piercing — o que provoca
um formigamento que me percorre até a ponta dos dedos dos pés.
— Vamos sair daqui.
— Você leu o meu pensamento.
Ele ri. Fico ainda mais arrepiada quando suas covinhas aparecem.
Andamos de mãos dadas até a sua motocicleta, enquanto o estacionamento
começa a esvaziar. — Então... parece que a sua mãe
ganhou hoje de manhã. — Ele aponta para a minha saia e eu reviro
os olhos.
Com um sorriso largo, ele me ajuda com o capacete, alisa o meu
cabelo nas costas e separa a mecha vermelha dos fios loiros. Envolvendo-
a nos dedos, ele pergunta: — Estava trabalhando num
mosaico quando te mandei a mensagem?
Faço um sinal afirmativo com a cabeça e aperto a fivela do capacete
sob o queixo, não querendo que a conversa tome esse rumo.

Não sei como contar o que tem acontecido em minhas aulas de
artes enquanto ele esteve fora.
Ele me ajuda a subir na garupa, deixando um espaço para ele na
frente. — Quando vou poder ver essa nova série sua, hein?
— Quando estiver pronta — murmuro. O que eu quero realmente
dizer é quando eu estiver pronta para deixar que ele me veja
fazer um mosaico.
Ele não se recorda de nossa viagem ao País das Maravilhas, mas
percebeu as mudanças em mim, incluindo a chave que uso no pescoço,
que nunca tiro, e os nódulos em minhas omoplatas, que eu
atribuo a uma estranha peculiaridade da família Liddell.
Um eufemismo.
Há um ano venho tentando pensar na melhor maneira de
contar-lhe a verdade sem que ele pense que sou louca. Se existe
uma coisa que pode convencê-lo de que fizemos uma viagem turbulenta
pela imaginação de Lewis Carroll e depois voltamos no
tempo como se nunca tivéssemos partido, é a minha arte feita de
sangue e magia. Eu só tenho que juntar coragem suficiente para
mostrar a ele.
— Quando estiver pronta — ele diz, repetindo a minha resposta
cifrada. — Então está bem. — Ele balança a cabeça antes de colocar
o capacete. — Artistas! Dão um trabalho.
— Sem querer, mas mudando de assunto... já soube das novidades
sobre sua mais nova fã número um?
A delicada arte gótica de Jeb tem atraído muita atenção desde
que ele começou a expor. Ele vendeu vários trabalhos, sendo o
mais caro por três mil dólares. Recentemente, foi procurado por
uma colecionadora da Toscana que viu o seu trabalho na internet.
Jeb revira o bolso e me dá um número de telefone: — Este é o
número dela. Tenho que agendar uma reunião para ela escolher
um dos meus trabalhos.
Ivy Raven. Eu li o nome em silêncio. — Parece falso, não é?
— eu pergunto, enfiando as alças da minha mochila por baixo da
jaqueta dele. Quase chego a desejar que ela seja uma invenção.

Mas sei que não é. De acordo com a minha pesquisa na internet,
Ivy é uma linda e totalmente legítima herdeira de vinte e seis anos.
Uma deusa rica e sofisticada... como todas as mulheres com quem
Jeb tem lidado ultimamente. Devolvo o papel, tentando estancar a
insegurança que ameaça abrir um buraco em meu coração.
— Não importa que pareça falso — diz Jeb —, desde que o
dinheiro seja de verdade. Eu vi um apartamento bem legal em Londres.
Se conseguir vender um trabalho para ela, vou juntar com o
que já economizei e acho que dá para encarar.
Ainda temos que convencer papai a me deixar ir. Recuso-me
a expressar a minha preocupação. Jeb já está se sentindo culpado
pela tensão entre ele e papai. É claro que foi um erro o Jeb ter me
levado para fazer uma tatuagem escondida dos meus pais. Mas
ele não fez isso para provocá-los. Ele o fez contra a sua vontade,
porque eu o pressionei. Porque eu estava tentando ser rebelde e
mundana, como as pessoas com quem ele anda saindo agora.
Jeb fez uma tatuagem junto comigo, na parte interna do pulso
direito — a mão que ele usa para pintar. São as palavras em latim
Vivat Musa, que pode ser grosseiramente traduzido para “Longa
vida à musa”. A minha é um par de asas em miniatura na parte
interna do meu tornozelo esquerdo, para camuflar a minha marca
intraterrena de nascença. Pedi ao tatuador que escrevesse as palavras
Alis Volat Propriis, que em latim significam “Ela voa com
suas próprias asas”. É um lembrete de que eu controlo o meu lado
obscuro, e não o contrário.
Jeb enfia o número da herdeira no bolso de sua calça jeans, parecendo
estar a mil quilômetros de distância.
— Aposto que ela é uma perua velha que gosta de homens mais
jovens — eu digo, meio em tom de brincadeira, tentando trazê-lo
de volta ao presente.
Olhando nos meus olhos, Jeb enfia os braços em uma camisa de
flanela que ele trazia amarrada no guidão de sua moto. — Ela só
tem vinte e poucos anos. Não é exatamente uma perua velha.
— Ah, obrigada. Já é um consolo.


Seu familiar sorriso provocador me reconforta. — Se for para
você se sentir melhor, pode ir comigo à reunião.
— Negócio fechado — eu digo.
Ele pula sobre a moto na minha frente e eu não me importo mais
se alguém nos vir. Aconchego-me o mais perto possível, envolvendo
os meus braços e joelhos em volta dele, com o rosto enfiado em
sua nuca, bem abaixo da borda do capacete. Seu cabelo macio me
faz cócegas no nariz.
Senti saudade dessas cócegas.
Ele coloca os óculos e vira a cabeça para que eu possa ouvi-lo
enquanto ele liga o motor. — Vamos procurar um lugar para ficarmos
um pouco sozinhos antes de eu deixá-la em casa para você se
aprontar para o nosso encontro.
Meu sangue fervilha de ansiedade. — O que você tem em mente?
— Um passeio pela rua da memória — ele responde. E, antes que
eu consiga perguntar o que ele quer dizer, já estamos a caminho."


Editora Novo Conceito 
O Lado Mais Sombrio
"Bem vindo ao verdadeiro País das Maravilhas"

  A. G. Howard
Editora Novo Conceito.

Você gosta de Alice no País das Maravilhas? Pois é...

 Alyssa Gardner ouve os pensamentos das plantas e animais. Por enquanto ela consegue esconder as alucinações, mas já conhece o seu destino: terminará num sanatório como sua mãe. A insanidade faz parte da família desde que a sua tataravó, Alice Liddell, falava a Lewis Carroll sobre os seus estranhos sonhos, inspirando-o a escrever o clássico Alice no País das Maravilhas.
 Mas talvez ela não seja louca. E talvez as histórias de Carroll não sejam tão fantasiosas quanto possam parecer.
 Para quebrar a maldição da loucura na família, Alyssa, precisa entrar na toca do coelho e consertar alguns erros cometidos no País das Maravilhas, um lugar repleto de seres estranhos com intenções não reveladas. Alyssa leva consigo o seu amigo da vida real - o superprotetor Jeb -, mas, assim que a jornada começa, ela se vê dividida entre a sensatez deste e a magia perigosa e encantadora de Morfeu, o seu guia no País das Maravilhas.
 Ninguém é o que parece no País das Maravilhas. Nem mesmo Alyssa... 

 Este é o primeiro de, pelo que sabemos até então, três volumes cuja temática é Alice no País das Maravilhas. O segundo volume, Atrás do Espelho, já está à venda. 
 Sempre gostei de Alice. Acho uma viagem fascinante, mas, em minha visão de professora de literatura (e professores de literatura vão fundo), não vejo a obra de Carroll como nada inverossímil. Os personagens ali colocados mostram nada mais nada menos do que as falhas do ser humano, como a pressa, a extrema injustiça, a desobediência... Em O Lado Mais Sombrio percebo uma vontade louca de redenção... Talvez eu esteja enganada... Leia e reflita... Deixe-se levar.

VIII
H. M. Castor
Editora Galera


" Destinado à grandeza... Atormentado por demônios"

 Uma cavalgada na noite. Gritos, soldados. O pungente cheiro do Tâmisa. Assim Henrique VIII chega, ainda menino, à Torre de Londres. A fortaleza-castelo seria sua nova casa e cenário das mais importantes transformações em sua vida.
 É ali que o carismático adolescente se transforma numa das figuras mais tirânicas da história. Um rei capaz de inspirar tanto admiração quanto o mais profundo terror. Porém, o que teria levado o príncipe mais belo da Europa a se transformar em um déspota assassino?
H. M. Castor
 As respostas repousam dentro das paredes de pedra, em seus misteriosos corredores, onde antigos crimes e fantasmas parecem reforçar a crença mais fervorosa do menino Hal: ele é o escolhido de Deus para liderar o reino. Nada pode atravessar seu caminho. A vontade divina está selada.
 O que lhe foi negado ao ser o segundo filho está agora a seu alcance: o carinho do pai, a admiração de seus pares, o amor dos súditos... No entanto, quanto mais próximo parece de seu destino, mais o jovem é testado.
 Por que lhe é negado o filho que sempre quis? Por que o povo o atormenta em relação à sua ex-mulher, Catarina? Ele é um guerreiro habilidoso. A coroa de rei repousa em sua fronte. Ele foi ungido. Ele é Deus na Terra!


 Logo que vi este livro nas prateleiras da Saraiva esqueci tudo o que havia ido lá para comprar e o peguei. Trata-se da visão do próprio Henry VIII, sua história contada por ele mesmo... 
 Sou apaixonada por histórias que envolvem reis e rainhas e a realeza Britânica tem seu papel fundamental. Vale a pena ler.

domingo, 14 de setembro de 2014


Sinopse 1
A Viajante do Tempo - Outlander - Livro 01 
Diana Gabaldon

Claire, a protagonista de A viajante do tempo é uma mulher de personalidade forte, lutando para se manter num mundo de homens violentos, que busca seu verdadeiro amor enquanto participa de importantes acontecimentos da história. Claire Beauchamp Randall foi separada de seu marido Frank pouco depois da lua-de-mel, quando ele foi convocado para lutar na Segunda Guerra Mundial. Ao final do conflito, Claire e Frank se reencontram e retomam a vida que tinham em comum numa viagem a Escócia. Mas o reencontro não ocorre da forma esperada. Parece haver entre a esposa e o marido um distanciamento muito maior do que aquele causado pelos anos de guerra. Ao visitar uma antiga e mística formação de rochas, Claire finalmente vai conhecer seu destino.

Sinopse 2

A Viajante do Tempo - Outlander - Livro 01 
Diana Gabaldon
Diana Gabaldon



Em 1945, no final da Segunda Guerra Mundial, a enfermeira Claire Randall volta para os braços do marido, com quem desfruta uma segunda lua de mel em Inverness, nas Ilhas Britânicas. Durante a viagem, ela é atraída para um antigo círculo de pedras, no qual testemunha rituais misteriosos. Dias depois, quando resolve retornar ao local, algo inexplicável acontece: de repente se vê no ano de 1743, numa Escócia violenta e dominada por clãs guerreiros. Tão logo percebe que foi arrastada para o passado por forças que não compreende, Claire precisa enfrentar intrigas e perigos que podem ameaçar a sua vida e partir o seu coração. Ao conhecer Jamie, um jovem guerreiro escocês, sente-se cada vez mais dividida entre a fidelidade ao marido e o desejo. Será ela capaz de resistir a uma paixão arrebatadora e regressar ao presente?


Essa serie começou a ser publicada no Brasil pela editora Rocco, contudo a editora acabou abandonando-a, o que possibilitou a compra dos direitos de publicação pela editora Arqueiro e o selo Saída de Emergência. Isso foi ótimo, pois os preços pela Rocco eram exorbitantes!

Editora: Saída de Emergência
Coleção: BANG!
Data 1ª Edição: 06/08/2014
Nº de Edição: 1ª
ISBN: 978-85-67296-22-7
Nº de Páginas: 800


A Série Completa:

1) A viajante do tempo (Título original: Outlander)
2) A Libélula no Âmbar (Título original: Dragonfly in Amber)
3) O Resgate no Mar 1ª Parte (Título original: Voyager)
    O Resgate no Mar 2ª Parte (Título original: Voyager)
4) Os Tambores de Outono 1ª Parte (Título original: Drums of Autumn)
    Os Tambores de Outono 2ª Parte (Título original: Drums of Autumn)
5) A Cruz de Fogo 1ª Parte (Título original: The Fiery Cross)
    A Cruz de Fogo 2ª Parte (Título original: The Fiery Cross)
6) Um sopro de Neve e Cinzas 1ª Parte (Título original: A Breath of Snow and Ashes)
    Um sopro de Neve e Cinzas 2ª Parte
7) Ecos do Futuro  1ª Parte (An Echo in the Bone)
    Ecos do Futuro  2ª Parte (An Echo in the Bone)
8) Written im my own heart's blood (Os demais ainda não lançados no Brasil)


Diana Gabaldon Website 
Diana Gabaldon no Facebook 

domingo, 7 de setembro de 2014

Contos de Machado de Assis.
Organização: João Cezar de Castro Rocha
Editora Record


 Estou começando a reler os clássicos, então, nada como contos de Machado de Assis para sentir novamente aquele gostinho de formação literária que anda escapando de minhas mãos. Essa coleção lançada pela Record é formada por 6 volumes:


1. Música e Literatura;
2. Adultério e ciúme;
3. Filosofia;
4. Dissimulação e vaidade;
5. Política e escravidão;
6. Desrazão.


Vamos à sinopse:

 Esta coleção de contos revela um lado pouco explorado do gênio Machado de Assis. Pela primeira vez, seus contos são apresentados de forma sistemática, agrupados cronológica e tematicamente. Em lugar da reedição de coletâneas publicadas pelo autor, ou da organização de antologias dos "melhores", reunimos contos que lidam com o mesmo tema. Assim, surge um novo Machado de Assis, fotografado no desenvolvimento tanto do estilo que o imortalizou quanto da visão do mundo que o tornou célebre. Contudo, nem sempre o homem foi cáustico, tampouco seu texto foi sempre corrosivo - entre o autor dos primeiros textos e o escritor dos contos mais famosos muitas vezes abre-se um abismo. Explorar sua dimensão e avaliar sua profundidade é a tarefa do leitor desta coleção.

Ganhadora de meu Kit: Faustiane Lopes!
Parabéns, amiga! Logo o kit estará chegando às suas mãos! Aguarde no local! Rs!


Sinópse

Sonhos
Alyson Noël
Editora Leya
Série Soul Seekers
Livro um

 Coisas estranhas estão acontecendo com Daire Santos. Corvos zombam dela, pessoas brilhantes a perseguem, o tempo para sem avisar, e um belo garoto com sublimes olhos azuis assombra todos os seus sonhos. Temendo pela sanidade da filha, a mãe de Daire a envia para viver com a avó que não conhecia - uma mulher que reconhece nas visões o que elas realmente são: o chamado do destino da garota para ser uma Buscadora de Almas, alguém que pode navegar entre o mundo dos vivos e dos mortos.
Alyson Noël
 Nas áridas planícies de Encantamento, no Novo México, Daire se prepara para explorar seus poderes místicos. Mas é quando conhece Dace, o garoto de seus sonhos, que seu mundo é completamente abalado. E Daire é forçada a descobrir se Dace é mesmo aquele com quem deve ficar... ou se é aliado do inimigo que está destinada a destruir.



Segundo e terceiro volumes:






domingo, 31 de agosto de 2014

Biografia:

Hannah Howell Dustin
(nascida em 1950 em Massachusetts ) é uma escritora de best-seller americana, autora de mais de 40 históricos romances. Muitos de seus romances se passam em medieval na Escócia.

Ela também escreve sob o nome de Sarah Dustin, Sandra Dustin, e Anna Jennet.

Howell é descendente de alguns dos colonos originais americanos, com seus ancestrais maternos estabelecendo-se em Massachusetts na década de 1630. Durante uma viagem à Inglaterra , Howell conheceu seu marido, o engenheiro aeronáutico Stephen, e eles foram casados por mais de 30 anos.

Eles têm dois filhos, Samuel e Keir, três netos e cinco gatos.
Hannah Howell


Howell era uma dona de casa e dona-de-casa antes de começar a escrever. Ela publicou seu primeiro romance em 1988 e é membro ativo do Romance Writers of America. Howell é uma autora muito prolífica, em média um livro por mês. Howell foi duas vezes premiada com o Prêmio Golden Leaf, tem sido um Romance Writers of America Award RITA finalista, e ganhou vários prêmios da Romantic Times Magazine Bookclub.

Howell goza de história, leitura, crochê, piano, e jardinagem.
Aqui no Brasil, seu último livro lançado em 2010 foi A Vidente
.
Sinópse: 

A vidente
Hannah Howell
Ed. Leya (Lua de Papel)
Ela salva a vida dele...

Para Chloe Wherlocke tudo acontece com uma visão - um olhar de relance no futuro que precia uma terrível conspiração contra Lord Julian Kenwood e seu filho recém-nascido. Os dons psíquicos de Chloe permitem que ela salve a criança da morte certa, mas o herdeiro permanece em risco...


Mas quando ele rouba seu coração...


Julian Kenwood sabe que alguém está tentando matá-lo e suspeita de sua esposa traiçoeira e de seu amante. Mas Julian se surepreende quando Chloe, uma estranha de cabelos negros, avisa-lhe que forças sinsitras estão realmente à sua volta e expõe um segredo devastador que mudará a sua vida para sempre...

Ela resistirá ou se renderá à paixão?


E desde o primeiro contato ela percebe uma conexão e uma atração mútua crescendo a cada momento. Ela acredita que por viver em mundos diferentes jamais teria seus sentimentos retribuídos. Então o perigo se aproxima e Chloe precisa arriscar tudo, ou perderá Julian para sempre...


A vidente é o primeiro livro da saga. Seguem os outros:




segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Biografia

Quem foi Charles Dickens

Charles Dickens
Charles John Huffam Dickens (Landport, Portsmouth, 7 de fevereiro de 1812 — Gravesham, Kent, 9 de junho de 1870) foi o mais popular dos romancistas ingleses da era vitoriana. . No início de sua atividade literária também adotou o pseudônimo Boz. A fama dos seus romances e contos, tanto durante a sua vida como depois, até aos dias de hoje, só aumentou. Apesar de os seus romances não serem considerados, pelos parâmetros atuais, muito realistas, Dickens contribuiu em grande parte para a introdução da crítica social na literatura de ficção inglesa.

Entre os seus maiores clássicos estão "David Copperfield" e "Oliver Twist"

Infância e Juventude

Dickens nasceu numa sexta-feira na cidade de Portsmouth (condado de Hampshire, Inglaterra), filho de John Dickens, funcionário perdulário da Armada, e de esposa Elizabeth Barrow. Quando fez cinco anos, a família mudou-se para Chatham, no condado de Kent.

Descrever-se-ia a si mesmo, mais tarde, como uma criança "muito pequena e não muito mimada". Educado pela sua mãe, que lhe ensinava diariamente inglês e latim,2 passava muito do seu tempo a ler infindavelmente – e, com especial devoção as novelas picarescas de Tobias Smollett e Henry Fielding. Entre os livros da sua infância encontravam-se também obras de Daniel Defoe, Goldsmith, bem como o "Dom Quixote", "Gil Blas" e "As Mil e uma noites". A sua memória fotográfica serviria, mais tarde, para conceber as suas personagens e enredos ficcionais, baseando-se muito nas pessoas e acontecimentos que foram marcando a sua.

A sua família era remediada em termos econômicos, o que lhe permitiu frequentar uma escola particular durante três anos. A situação piorou, contudo, quando o seu pai foi preso por dívidas, depois de gastar os recursos da família no afã de manter uma posição social periclitante. Com dez anos de idade, a família mudou-se para o bairro popular de Camden Town em Londres, onde ocupavam quartos baratos e, para fazer face aos gastos, empenharam os talheres de prata e venderam a biblioteca familiar que tinha feito as delícias do jovem rapaz. Com doze anos, Dickens já tinha a idade considerada necessária para trabalhar na empresa Warren’s onde se produzia graxa para os sapatos com betume, junto à actual Estação ferroviária de Charing Cross. O seu trabalho consistia em colar rótulos nos frascos de graxa, ganhando, por isso, seis xelins por semana. Com o dinheiro, sustentava a família, encarcerada na prisão para devedores, em Moure onde ia dormir.

Alguns anos depois, a situação financeira da família melhorou consideravelmente, graças a uma herança recebida pelo seu pai. A sua família deixou a prisão, mas a mãe não o retirou logo da fábrica, que pertencia a um amigo. Dickens jamais perdoaria a mãe por essa injustiça. O tema das más condições de trabalho da classe operária inglesa tornar-se-iam, mais tarde, um dos mais recorrentes da sua obra.
Início de carreira
Em agosto Dickens começou a trabalhar num escritório, emprego que lhe poderia valer, mais tarde, a posição de advogado. Não gostou, no entanto, do trabalho nos tribunais e, depois de aprender taquigrafia, foi, por um breve período, estenógrafo do tribunal. Com dezoito anos de idade, começou outro período de leituras intensas tendo-se inscrito na biblioteca do British Museum. Por esta altura, apaixona-se pela filha de um banqueiro, Maria Beadnell. Os pais da menina desaprovaram, contudo, o idílio amoroso devido ao passado dos pais de Dickens. A própria Maria tornar-se-á indiferente a Charles depois de uma viagem "educativa" a França. Dickens levará um ano a superar este desgosto amoroso.

Tornou-se, depois, jornalista, começando como cronista judicial e, depois, fazendo relatos dos debates parlamentares e cobrindo as campanhas eleitorais pela Grã-Bretanha fora, de diligência. Os seus Sketches by Boz ("Esboços de Boz" - Boz era a alcunha do seu irmão mais novo que não era capaz de pronunciar devidamente "Moses" - Moisés, em inglês) são fruto desta época e são constituídos por pequenas peças jornalísticas em forma de retratos de costumes, originalmente escritas para o "Morning Chronicle" em 1833.4 Ao longo da sua carreira, Dickens continuou, durante muito tempo, a escrever para jornais.

Com pouco mais de vinte anos, o seu The Pickwick Papers (Os Documentos Póstumos do Clube Pickwick) estabeleceu o seu nome como escritor. A ideia inicial desta obra era que Dickens escrevesse comentários a ilustrações desportivas. De 1831 a 1834, a New Sporting Magazine comprovou o sucesso desta receita editorial com a sua série "Jorrock´s Jaunts and Jollities" sobre um comerciante cockney que quer a todo o custo ser reconhecido como o bom caçador que não era. Querendo seguir a mesma ideia, Robert Seymour propôs aos editores Chapman and Hall criar uma série semelhante sobre um tal de "Clube Nimrod" (Nimrod é uma personagem bíblica descrita como sendo um grande caçador) onde também se troçaria dos caçadores inexperientes, mas cheios de si mesmos. Procuraram-se escritores para "complementar" as imagens com textos. A terceira opção, perante a recusa dos dois primeiros, era Dickens, que escrevera os seus Esboços para a mesma editora. Dickens rapidamente tomou conta do projeto e rejeitou a ideia de um clube de caçadores - a ideia não lhe agradava. Criou, pelo contrário, um clube de observadores de curiosidades, o que afastou definitivamente o ilustrador que tivera a ideia inicial, Seymour, que viria a suicidar-se na sequência destes acontecimentos. Procurou-se outro ilustrador. É curioso que tenha sido rejeitado um tal de William Makepeace Thackeray que tornar-se-ia outro vulto de importância no romance vitoriano (geralmente colocado logo a seguir a Dickens, na opinião de muitos estudiosos da literatura inglesa - ou mesmo superior a Dickens, na opinião de outros). O novo ilustrador, conhecido pela alcunha de Phiz, deu conta do recado.

A fama

A 2 de Abril de 1836 (três dias depois da publicação do primeiro fascículo de "Pickwick"), casou-se com Catherine Hogarth, com quem teve dez filhos.1 A recepção do público a Pickwick não foi calorosa desde o início. Só quando aparece a personagem de Sam Weller, o criado de Pickwick e que acompanha as aventuras do seu amo ao jeito de um Sancho Pança ao lado de Dom Quixote, é que as vendas sobem de 400 exemplares para 40 000.

Em 1838, em decorrência do sucesso de Pickwick, propõe a publicação de "Oliver Twist" onde, pela primeira vez, apontava para os males sociais da era vitoriana. O romance, divulgado em folhetins semanais, terá também o seu ilustrador: Cruikshank.

Em 1842 viajou com a sua esposa para os Estados Unidos. A viagem foi descrita, depois, no curto relato de literatura de viagens American Notes, existindo também influências da mesma em alguns episódios de Martin Chuzzlewit. Ao entusiasmo com que foi recebido, de início, nos Estados Unidos, seguiu-se uma estadia menos calorosa, devido às críticas que teceu à política editorial deste país, acusando os editores de plágio em relação à literatura produzida na Grã-Bretanha.

Em 1843, publicava o seu mais famoso livro de Natal, "A Christmas Carol" ("Canção de Natal"), ao qual se seguiriam outros, com a mesma temática, como "The Chimes" (1844), que escreveu em Gênova na sua primeira grande viagem ao estrangeiro (se descontarmos a breve incursão aos Estados Unidos). Em 1845, "The Cricket on the Hearth" ("O Grilo da lareira") torna-se também um dos seus maiores sucessos natalícios.

Em 1848 publicava "Dombey and Son", escrito principalmente no estrangeiro, onde descreve o meio dos transportes ferroviários - outro tema estreitamente relacionado com a Revolução Industrial que conformava a sociedade vitoriana.

Em 1849 publicou aquele que viria a ser o mais popular dos seus romances, David Copperfield, onde se inspirava, em grande parte, na sua própria vida. As amizades literárias de Dickens incluíam, em 1854, Thomas Carlyle, a quem dedicará o seu romance "Tempos Difíceis".

A revista semanal Household Words, onde viria a publicar, em folhetins, alguns dos seus romances, foi fundada também por ele, em 1850, e chegou a vender 40 mil cópias por semana.3 A revista seria reformulada em 1859, mudando de nome para "All the year round".

Os livros de Dickens tornaram-se extremamente populares na época e eram lidos com grande expectativa por um público muito fiel à sua escrita. O seu sucesso permitiu-lhe comprar Gad’s Hill Place, perto de Chatham, em 1856. Esta casa fazia parte do imaginário de Dickens, desde que por ela tinha passado, em criança – sonhando que um dia poderia lá viver. O local tinha ainda um significado especial porque algumas cenas do Henrique V de Shakespeare localizam-se nesta mesma área. Essa referência literária agradava de sobremodo a Dickens.

Últimos anos de vida

Dickens separou-se da sua mulher em 1858. O divórcio era um acto altamente reprovável durante a era vitoriana, principalmente para alguém com a notoriedade dele. Continuou, contudo, a pagar-lhe casa e sustento durante os restantes anos em que ela viveu. Ainda que tivessem sido felizes no seu início de vida conjugal, Catherine parecia não partilhar a energia de viver sem limites de Dickens. O trabalho de cuidar dos dez filhos do casal, aliado à pressão resultante de ser a esposa e dona de casa de um romancista mundialmente reconhecido não ajudava. A sua irmã, Georgina, tinha mudado para casa de Dickens, para ajudar Catherine no seu trabalho doméstico – há, contudo, rumores de que teve um caso amoroso com o cunhado. Georgina manteve-se com Dickens após a separação para cuidar dos filhos do casal. Podemos encontrar um indício da insatisfação marital de Charles num encontro que este teve em 1855 com Maria Beadnell, o seu primeiro amor.

A 9 de Junho de 1865, estando de regresso de França, onde fora visitar Ellen Ternan, Dickens viu-se envolvido no acidente ferroviário de Staplehurst, em que as seis primeiras carruagens do comboio caíram de uma ponte em reparação. A única carruagem de primeira classe que se manteve na linha foi, por coincidência, aquela onde seguia Dickens. O escritor mostrou-se ativo a cuidar dos feridos e moribundos antes de chegarem os esforços de salvamento. Quando se preparava para abandonar o lugar trágico lembrou-se, ainda a tempo, de que tinha deixado dentro do comboio o manuscrito inacabado do seu romance Our Mutual Friend (O nosso amigo comum) e voltou à carruagem para o buscar.

Já que se tornaria público que seguia viagem com Ellen Ternan e a sua mãe, a opinião pública rapidamente a apontaria como a causa da separação de Catherine. Ellen foi, para todos os efeitos, a mulher que acompanhou Dickens até ao final dos seus dias, apesar de a união nunca ter sido reconhecida oficialmente.
Ainda que tivesse escapado ileso do acidente, nunca chegou a recuperar totalmente do choque. Isso é evidente no ritmo da sua produção que decresce bastante depois deste episódio. Levará algum tempo a completar Our Mutual Friend e a começar a sua obra incompleta, The Mystery of Edwin Drood, onde se notam influências de Wilkie Collins, que fazia parte do círculo de amigos de Dickens e que é considerado um dos pioneiros do romance policial. A partir de 1858, os seus últimos anos de vida serão ocupados principalmente com leituras públicas. Esse gênero de espetáculos, que consistia apenas em ouvir Dickens a ler as suas suas obras mais conhecidas, tornaram-se incrivelmente populares. Note-se que na altura era comum ler em voz alta em família ou em grupos – a leitura expressiva era muito valorizada. E Dickens, com a sua interpretação apaixonada e a forma como se entregava à narração, não só arrebatava gargalhadas (e, principalmente, lágrimas) das audiências, como se arrebatava a si mesmo, exaurindo as suas forças. O esforço despendido nestes espetáculos é, muitas vezes, apontado como uma das causas da sua morte. Em 1867 foi convidado a voltar aos Estados Unidos para uma digressão das suas leituras.

Morreu de morte cerebral em junho de 1870. Foi sepultado no Poets' Corner ("Esquina dos Poetas"), na Abadia de Westminster. Na sua sepultura está gravado: "Apoiante dos pobres, dos que sofrem e dos oprimidos; e com a sua morte, um dos maiores escritores de Inglaterra desaparecia para o mundo."

Na década de 1980, a histórica Eastgate House (casa Eastgate), em Rochester, em Kent, foi convertida num museu dedicado a Charles Dickens. Anualmente realiza-se na cidade o Festival Dickens. A casa onde nasceu, em Portsmouth é, também, um museu atualmente.

Obra

Contexto social

Quando Dickens começa a publicar os seus romances, tem à sua disposição um público formado pela revolução industrial. Londres tem mais de um milhão e meio de habitantes, devido à explosão demográfica e a um êxodo rural que expulsa os camponeses dos seus terrenos que ficam cercados em "enclosures" dedicadas à pecuária, mais especificamente, à criação de ovinos. A indústria têxtil servirá de emprego para estes espoliados. O trabalho infantil torna-se uma das características mais pungentes da economia inglesa. Em 1845, Engels publicará "A situação da classe operária em Inglaterra", onde toda esta situação é analisada. Dickens aflorará estes problemas, é certo, mas conquistará o público burguês porque não se assumirá nunca como um revolucionário… As suas personagens, quando melhoram de vida, devem essa melhoria às circunstâncias e acasos da vida, mais que à sua luta pela justiça social.

Por outro lado, a população anglófona é a mais alfabetizada do mundo. Por isso, Dickens terá um público potencial muito alargado, não só na Grã-Bretanha como além do Atlântico.

Características gerais

A escrita de Dickens é caracterizada por um estilo poético.

A maior parte dos principais romances de Dickens foram escritos mensal ou semanalmente, em episódios publicados em jornais como o Household Words e que depois foram reunidos nas obras completas, tal como as conhecemos atualmente. A publicação em episódios separados tornava as histórias mais acessíveis a um público mais extenso que ia aumentando à medida que as situações por resolver se sucediam, episódio por episódio, criando expectativa entre o público. O talento de Dickens residia também nesta sua capacidade em aliar uma narrativa episódica a um romance coerente na sua totalidade. Os episódios mensais eram acompanhados de ilustrações de vários artistas.

A sua escrita manteve sempre um alto nível de qualidade, sem se distanciar de um estilo tipicamente "dickensiano" que não era incompatível com a experimentação de novos temas e gêneros. A reação do público a estas experiências era irregular – e mesmo as críticas e a percepção pública da sua obra variou ao longo do tempo. A publicação dos seus textos em periódicos permitia-lhe auscultar as reações do público à sua escrita, de forma que podia mudar o rumo à narrativa, de acordo com o que o público esperava ou não. Um bom exemplo encontra-se em Martin Chuzzlewit, onde foram incluídos episódios passados na América, em resposta ao decréscimo nas vendas dos primeiros capítulos. Em Our Mutual Friend, a inclusão da personagem Riah, retratando positivamente uma personagem judia, resultou das críticas à personagem de Fagin no seu Oliver Twist.

Os romances de Dickens eram, entre outros aspectos, obras de crítica social. Nas suas narrativas são tecidos comentários ferozes a uma sociedade que permitia a pobreza extrema, as más condições de vida e de trabalho e a estratificação social abrupta da era vitoriana, a par de uma empatia solidária pelo homem comum e uma atitude cética em relação à alta sociedade.

A escrita de Dickens é hoje considerada excessivamente sentimentalista e melodramática: a morte de personagens de quem gostamos particularmente, como a pequena Nell em The Old Curiosity Shop ("Loja de antiguidades"), ou a costureirinha do "Conto de Duas Cidades", são exemplo disso. Mesmo quando a história tem características marcadamente pungentes para as principais personagens, como em Bleak House ("Casa Desolada"), Dickens tentava equilibrar o conjunto com personagens e situações satíricas e que permitiam sorrisos e gargalhadas no meio das lágrimas derramadas pela triste sorte das outras personagens. Outra crítica recorrente ao estilo de Dickens refere-se à inverosimilhança do enredo que se sustenta quase sempre em coincidências muito pouco prováveis. Se é assim, de facto, a verdade é que Dickens procurava, acima de tudo, o entretenimento e não o realismo. Pretendia, de certa forma, recuperar o espírito do romance gótico e das novelas picarescas que lia na sua juventude. Efetivamente, quando escrevia um romance mais realista, a recepção do público mostrava-se bastante mais fria e indiferente. Além do mais, não era a sua própria história algo inverossímil, com as suas constantes reviravoltas (uma infância feliz seguida de pobreza, depois, uma herança inesperada e, finalmente, fama internacional e reconhecimento público)? Afinal, estão constantemente a acontecer histórias inverossímeis no mundo…

É normal que um escritor incorpore elementos autobiográficos nas suas narrativas ficcionais. O caso torna-se particularmente interessante em Dickens, até porque este sempre teve a preocupação de velar aquilo que considerava vergonhoso no seu passado. As muitas cenas de tribunal que aparecem em "A Casa sombria" são bem reveladoras do seu passado como cronista judicial. Em "A Pequena Dorrit" volta a aparecer o tema da prisão para devedores – onde Marshalsea, onde a sua família esteve retida, também serve de espaço narrativo. Pensa-se também que a pequena Nell de a Loja de Antiguidades poderá representar a sua cunhada. O pai de Nicholas Nickleby e Wilkins Micawber são diretamente inspirados no seu pai. Pip, a personagem principal de Grandes Esperanças, com a sua mistura de pedantismo e remorsos, é semelhante ao próprio Dickens. Ele era um péssimo escritor antes e depois virou um ótimo.

Temas e personagens

Os temas mais recorrentes em Dickens correspondem a uma vontade de reformar a sociedade exploradora que pertencia e que se concretizava nos asilos para órfãos, nos locais de trabalho degradados, nas escolas que mais se assemelhavam a locais de tortura e no ambiente sórdido das prisões.
Ilustração metafórica da época, onde Dickens recebe as suas personagens.

Ao comparar os órfãos a ações da bolsa, pessoas a barcos rebocadores, ou convidados para jantar a peças de mobília, Dickens conseguia resumir numa imagem o que descrições mais complexas não conseguiriam transmitir. Satirizou o pedantismo da aristocracia britânica com especial sarcasmo, usando imagens semelhantes a estas.

As próprias personagens estão entre as mais memoráveis da literatura em inglês. Ebenezer Scrooge, Fagin, Mrs. Gamp, Wilkins Micawber, Pecksniff, Miss Havisham, Wackford Squeers , entre outros, são tão conhecidos do público anglófono que quase se assumem como identidades próprias (Scrooge, por exemplo, deu origem ao Tio Patinhas). As excentricidades destas personagens não monopolizam, contudo, a narrativa. Algumas destas personagens são grotescas, seguindo o estilo do romance gótico do século XVIII, que Dickens também apreciava, ainda que, na altura, o gênero já fosse um pouco ridicularizado (por exemplo, através de Northanger Abbey, de Jane Austen, que parodia este tipo de romance). Pode-se considerar, todavia, como a mais onipresente das personagens de Dickens, a própria cidade de Londres, revelando aspectos que só poderiam ser descritos por quem conhecesse profundamente cada rua da cidade.

A delinquência provocada geralmente por pessoas órfãs e pela exploração desenfreada do ser humano por outros seres humanos é o ingrediente base de "Oliver Twist" e "Nicholas Nickleby", onde faz também a denúncia das condições de muitos estabelecimentos de ensino. "Casa Sombria" será um libelo contra a corrupção e a ineficiência do sistema jurídico inglês, tal como em "A pequena Dorrit". Menos conhecido, este romance é uma obra prima de sátira acerba, recheada de enganos, além de contar a típica história do pobre que enriquece.

Aventurou-se também pelo romance histórico, de que é exemplo "Barnaby Rudge", de 1841 - a obra é, contudo, dominada pela ficção e apenas em alguns pontos serve o desígnio do que se costuma chamar "romance histórico". De facto, nenhuma das personagens tiveram existência real, excetuando Lord Gordon. O seu "Conto de duas cidades", sobre a Revolução Francesa, de cariz diverso do resto da sua obra é, contudo, um dos mais celebrados romances históricos ingleses.

Dickens era fascinado pelo teatro, que considerava como uma forma de refúgio psicológico perante as adversividades da vida. Em Nicholas Nickleby aparecem personagens ligadas ao meio teatral. A mulher que o acompanhou nos últimos anos de vida era atriz, e ele mesmo teve uma carreira ligada ao palco, durante as suas leituras públicas dos seus próprios romances, que o levou a percorrer a Grã-Bretanha e os Estados Unidos em digressões muito concorridas. Sua escrita, ao conjugar realidade com fantasia, a crítica social com o melodrama, e a reflexão sobre o destino humano com o humor. Outros, porém, consideram David Copperfield o seu melhor romance – é também aquele onde se encontram mais elementos autobiográficos.
Legado

A sua popularidade pouco decresceu desde a sua morte. Continua a ser um dos autores ingleses mais lidos e apreciados. Pelo menos cerca de 180 filmes e adaptações para televisão das suas obras documentam ainda o seu sucesso entre o público atual. Já durante a sua vida se tinham adaptado algumas das suas obras para o palco. Em 1913 já os produtores cinematográficos se lançavam na produção de um filme mudo denominado The Pickwick Papers. As suas personagens eram de tal forma sugestivas que pareciam ganhar vida própria, tornando-se, mesmo, proverbiais. A língua inglesa ganhou alguns neologismos à sua conta. "Gamp" é um termo usado na gíria para "guarda-chuva", devido a uma personagem – a senhora Gamp. "Pickwickiano", "Pecksniffiano", etc., podem ser usadas para se referir ao mesmo tipo de pessoa que as personagens referidas.

O seu conto "Canção de Natal" é talvez a sua história mais conhecida. As adaptações são inúmeras, para quase todos os gêneros de comunicação: cinema, banda desenhada, televisão, teatro, outras adaptações literárias, etc, criam um fenômeno de popularidade que transcende a obra original. Segundo alguns, esta história, patética, moralista e bem humorada, resume o verdadeiro significado do Natal, eclipsando todas as outras histórias de Dickens sobre o tema.

Numa altura em que o Império Britânico era a maior potência política e económica do mundo, Dickens conseguiu apontar para a vida dos esquecidos e desfavorecidos, mesmo no coração do império. Na sua breve carreira de jornalista já tinha batalhado pelo saneamento básico e pelas condições de trabalho, mas foram, claramente, as suas obras ficcionais que mais despertaram a opinião pública para estes problemas. À conta de um contexto literário bem humorado e de vendas avultadas, denunciava a vida agreste dos pobres e satirizava os indivíduos que permitiam que tais abusos continuassem e conseguia mover opiniões. Crê-se que a sua influência foi importante para o fecho das prisões de Marshalsea e da Prisão de Fleet.

Dickens terá tido, talvez, a esperança de ver nos seus 10 filhos o início de uma dinastia literária, pelo facto de todos terem nomes que remetem para a história da literatura inglesa. Seria, efetivamente, difícil aproximar-se sequer do sucesso do seu pai. Alguns parecem ter herdado do pai de Dickens a tendência para esbanjar o dinheiro. Alguns escreveram as suas memórias, centradas, claro está, na figura do pai, além de organizarem a sua correspondência de forma a poder ser publicada. Apenas a sua bisneta, Monica Dickens, seguiria as suas pegadas, e dedicar-se-ia à escrita de romances.

A própria era vitoriana pode-se designar de era dickensiana, se pensarmos na forma como foi perenemente descrita por este escritor. Depois da sua morte em 1870 a literatura inglesa tornou-se muito mais realista, talvez em reação à tendência de Dickens para o picaresco e o ridículo. Outros romancistas da era vitoriana que o seguiram, como Samuel Butler, Thomas Hardy ou George Gissing demonstram-se claramente influenciados por Dickens, ainda que a sua escrita seja mais sóbria e menos melodramática.

Dickens continua, contudo, a ser um dos mais geniais criadores da literatura mundial de todos os tempos, sendo dificilmente superado na popularidade e acessibilidade da sua escrita. No cinema português podemos contar com a adaptação do seu "Hard Times" por João Botelho (no filme "Tempos Difíceis").
Encontra-se colaboração da sua autoria, publicada postumamente na revista A Leitura (1894-1896).

Obras


Romances principais

    The Pickwick Papers ("As aventuras do sr. Pickwik") (1836)
    Oliver Twist (1837–1839)
    Nicholas Nickleby (1838–1839)
    The Old Curiosity Shop ("Loja de Antiguidades") (1840–1841)
    Barnaby Rudge (1841)
    Os Livros de Natal:
        A Christmas Carol ("Canção de Natal" ou "Um conto de Natal") (1843)
        The Chimes (1844)
        The Cricket on the Hearth (1845)
        The Battle of Life (1846)
        The Haunted Man and the Ghost's Bargain (1848)
    Martin Chuzzlewit (1843-1844)
    Dombey and Son (1846–1848)
    David Copperfield (1849–1850)
    Bleak House ("A Casa Abandonada", "Casa desolada" ou "Casa sombria") - (1852–1853)
    Hard Times ("Tempos Difíceis") (1854)
    Little Dorrit ("A pequena Dorrit") - (1855–1857)
    A Tale of Two Cities ("Um conto de duas cidades") (July 11, 1859)
    Great Expectations ("Grandes Esperanças") - (1860–1861)
    Our Mutual Friend (1864–1865)
    The Mystery of Edwin Drood (inacabado) (1870)

Outros

    Sketches by Boz (1836)
    American Notes (1842)
    A Child’s History of England (1851–1853)

Contos

    "A Christmas Tree";
    "A Message from the Sea";
    "Doctor Marigold";
    "George Silverman’s Explanation";
    "Going into Society";
    "Holiday Romance";
    "Hunted Down";
    "Mrs. Lirriper’s Legacy";
    "Mrs. Lirriper’s Lodgings";
    "Mugby Junction";
    "Perils of Certain English Prisoners";
    "Somebody’s Luggage";
    "Sunday Under Three Heads";
    "The Child’s Story";
    "The Haunted House";
    "The Haunted Man and the Ghost’s Bargain";
    "The Holly-Tree";
    "The Lamplighter";
    "The Seven Poor Travellers";
    "The Trial for Murder";
    "Tom Tiddler’s Ground";
    "What Christmas Is As We Grow Older";
    "Wreck of the Golden Mary";


BBC History - Charles Dickens
Charles Dickens Museum
Charles Dickens' Page

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